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segunda-feira, setembro 18, 2006

UM DIA EM DELFT

Vista de Delft por Vermeer


UM DIA EM DELFT
por Ana Paula Pisani

Acordei mais cedo hoje, estava atrasada, mas de Breda para Delft são só 40 minutos.

Um pouco sobre Delft:

A cidade foi fundada em 1074, pouco restou para contar história após o grande incêndio de 1536. As antigas casas e monumentos das ruas estreitas ao longo do centro histórico datam o século 16. Com vocação para o comercio, Delft teve seu apogeu entre os séculos 12 e 14, quando vivia basicamente da produção de lã e cerveja. Hoje é famosa pela produção de porcelana, tradição que foi trazida pelos imigrantes italianos há mais de 400 anos, o que se tornou a partir do século 16 um dos carros-chefe da economia local e reconhecida no mundo inteiro. Com o passar do tempo, as famosas peças brancas com desenhos azuis adquiriram novos desenhos, de inspiração oriental após o contato mais próximo com o oriente, a partir do século 17 e a influência da porcelana de Sevres e de Saxe no século 17 - e algumas até outras cores, sem, no entanto, perder de vista as cenas tipicamente holandesas. Também é conhecida por ser cidade natal do mestre da pintura holandesa do seculo 17, Johannes Vermeer. Ele é responsável por uma das mais famosas pinturas da historia, "Moça com Brincos de Perola", considerada a Mona Lisa holandesa.
Pouco se sabe sobre a história do mestre: nasceu em 1632, casou-se aos 20 anos com uma burguesa chamada Catarina e morreu aos 43 anos, em 1675. A ausência de assinaturas e a abundância de telas sem autenticidade comprovada, dificultam a apreciação cronológica da obra de Vermeer. Somente 35 de suas obras são reconhecidas e calcula-se que 20 estejam perdidas. Todo esse mistério tornou-se inspiração para o romance da escritora Tracy Chevalier, “Moça com Brinco de Perola”, uma ficção sobre o que levou Vermeer a realizar sua obra-prima, que se estima ter sido criada por volta de 1665.

Resolvemos começar nosso passeio pelo alto da torre da Niewe Kerk (Nova Igreja), lugar onde promete a mais bela vista da cidade, mas prepare-se para a "escalada". Do alto da torre tiramos nossas primeiras fotos. A igreja de estilo gótico, foi construída em 1381, ali estão enterrados quase todos os príncipes da casa de Orange.
Depois da cansativa "escalada" à
torre, demos mais uma volta pela cidade e aproveitamos as lojas abertas para fazer algumas compras, já que o comercio na Holanda fecha cedo. Em Delf, por exemplo, aos sábados as lojas abrem até às 17hs e no domingo não abre. Aproveitamos, também a feirinha de antiguidades que é realizada todos os sábados na cidade. No meio da minha caminhada avistei a Torre inclinada da Oude Kerk (Velha Igreja), dá a impressão que está prestes a cair. A igreja foi erguida no século 13 e levou 300 anos para ter o formato atual.
Resolvemos então conhecer um pouco mais da cidade, fazendo o tour de barco no Oude Delft, como é chamado o canal
mais antigo da cidade, que nos dá visão as pincipais atrações da cidade. No número 30, está a mansão que alojou a Companhia das Indias Orientais (Oostindicsh Huis) e, no número 167, o prédio do Conselho das Águas (Hoogheemraadschap van Delfland), construção de 1520 de estilo gótico brabanção. Ao lado, no numero 169, ve-se a fachada das armas de Savoy (Het Wapen van Savoyen).
A cidade possui diversos museus, mas para quem pretende passar um dia em Delft como eu, vale a pena escolher entre o Prinsehof, ou a corte do príncipe, antigo convento que deu lugar a residência onde Guilherme de Orange viria a ser assassinado em 1584, no qual hoje funciona o museu de arte municipal, e o Museu Lambert van Meerten, onde uma impressionante azulejaria de faiança holandesa e estrangeira dos séculos 16 ao 19. Como a noite estava caindo, decidimos finalizar o passeio num restaurante, ali mesmo no Markt, ou praça principal.